Edição #33 - A Pipoca do Sebastião
Outro dia estava saindo de um consultório médico que fica em Ipanema e resolvi caminhar até o colégio que estudei dos 3 aos 17 anos. Eu andei umas 3 quadras, mas não pelo colégio, e, sim, pela pipoca do Sebastião, que eu não comia há pelo menos 15 anos. Talvez mais. O horário coincidiu exatamente com o horário de saída dos alunos do turno da tarde.
Eu já passei por lá inúmeras vezes, inclusive na frente do carrinho de pipoca do Sebastião, e já tinha flertado com a ideia de me reencontrar com esse sabor da minha infância, mas em todas as oportunidades não me parecia uma boa hora. A famosa pipoca salgada com queijinho do Sebastião. Eu comia com frequência. Lembro da minha avó comprar praticamente dia sim, dia não, na saída, antes de seguirmos a pé para casa. Quando fiquei mais velha comprava a pipoca com menos frequência e focava mais nas balas e chocolates. Era Tortuguita, Fruittella de morango, Mentex, Mentos, Babaloo, Chupa Chups e Bolete.
Enfim, eu lembro tanto do Sebastião. Ele não estava lá. No lugar, uma moça e um moço, focados em atender a grande demanda da saída do colégio. Me aproximei da moça e aguardei a minha vez. Pedi uma pipoca pequena salgada. A moça me perguntou: com queijinho? Eu sorri e disse: com queijinho. Enquanto aguardava, perguntei se aquele carrinho era o carrinho do Sebastião e, para a minha alegria, era. O carrinho do Sebastião agora é administrado pelo filho dele, o moço. Fiquei imediatamente emocionada, e com medo de perguntar do Sebastião e descobrir que talvez ele não esteja vivo. A única coisa que consegui dizer foi: comia muita pipoca com o seu pai.
A ideia de estar ali, comendo a pipoca do Sebastião me emocionou. Talvez o entorno tenha ajudado. A saída do colégio lotada, as crianças socializando e os tutores e cuidadores à espera. Por alguns segundos voltei no tempo, era a Ana Elisa criança. Até notar todas as crianças com celular, suas bicicletas elétricas, e os pagamentos da pipoca sendo feitos por pré-adolescentes via Apple Pay. O uniforme não é mais o mesmo, a fachada está diferente, os inspetores não são familiares. É outro tempo.
Antes de partir dei mais uma olhada e lembrei que foi naquele lugar que fiz parte das amizades mais significativas que tive e tenho na vida. Foi o lugar de muitas primeiras vezes, de muitas histórias. Capítulo encerrado.
Nesse mesmo dia, mais cedo no metrô, vi duas meninas que devem estar em seus 9-10 anos. Elas estavam de pernas cruzadas lendo gibis da Turma da Mônica. Não eram gibis novos, eram gibis vividos, que provavelmente já passaram por muitas mãos, ou pelo menos muitas releituras. Elas estavam completamente aficcionadas. Aquela cena também me fez sorrir porque mais uma vez, eu me vi. Fiquei pensando se aquele gibi era da mãe delas. Poderia ser.
Só mais um dia nostálgico.
🤏🏼 Petit Viajando : Nunca nos conhecemos #04
Mais uma noite de amigos. Não é qualquer noite de amigos. É a noite dos amigos. Toda quinta-feira, João, Carla, Raquel, Bernardo e Heitor se reúnem para fazer o que fazem melhor: dividir comida. E fofocar. Brincadeiras à parte, são grandes amigos. Na noite de hoje temos: João quer sair do emprego. Novidade, ele sempre diz isso, mas nunca toma uma atitude. Carla acaba de levar um ghosting. Mas foi ela que deu um ghosting na semana passada. Carma? Raquel comprou um novo vibrador. Ela está viciada. Bernardo está apaixonado. De novo. Um novo amor a cada esquina. E Heitor vai se mudar. Mudar de país. A última informação pega todos de surpresa. Como assim? Por quê? Quando? A gente está feliz? A gente fica triste? Carla começa a chorar. João, que é o mais falante, se cala. Raquel, que é a mais calada, resolve falar. Bernardo simplesmente abraça Heitor. Heitor já está com saudades.
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