Edição #48 - Um amor inventado
Na edição de hoje: Uma novidade curiosa, ‘Viajando’ com um texto engavetado e ‘Petit Viajando’ para não perder o hábito.
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Procura-se leitores que:
sejam curiosos por natureza;
se interessem por assuntos relacionados a cultura e entretenimento;
gostem de refletir as transformações da sociedade;
querem ficar por dentro de temáticas que envolvem o audiovisual;
não querem encher suas caixas de entrada com muitos e-mails.
Eu poderia ter descansado durante as férias do “Viajando na Maionese”, mas não, eu criei uma nova newsletter chamada Curió. Para saber mais, é só clicar aqui.
Curió traz reflexões sobre o mundo de hoje através da cultura e do entretenimento. Um espaço de compartilhamento de ideias – em um mundo cheio de perguntas, feito por um olhar curioso. Insights e análises sobre conteúdos, tendências, comportamentos e hábitos de consumo, sempre em busca de novas conexões para entender o que nos influencia e o que isso revela sobre a sociedade.
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Confesso que as minhas viagens estão cada vez mais escassas,
mas revirando textos antigos, encontrei este aqui:
Eu inventei um amor. Um amor tão bem inventado que acreditei. E qualquer um teria acreditado. Você - ou até mesmo um especialista em polígrafo. Na verdade, o polígrafo detecta mentiras e não invenções. E, pelo menos, neste caso, o amor inventado não é uma mentira.
Esse amor foi construído de pouco em pouco, dia após dia, nos pequenos detalhes. Reguei, alimentei, cuidei e cultivei. Vi nascer e crescer lentamente. E quando vi já fazia parte da minha rotina, planos e pensamentos.
Criei memórias que nunca aconteceram, escrevi diálogos que nunca dissemos, planejei uma vida que nunca tivemos, fiz declarações que nunca foram ditas e aproveitei todas as viagens que nunca fizemos. Tenho uma lista de filmes que nunca assistimos, lembro de cafés que nunca tomamos, das confissões que nunca compartilhamos, dos cachorros que nunca adotamos, da horta que nunca plantamos, da rede que nunca dormimos, dos almoços que não cozinhamos - e até mesmo das discussões que nunca existiram.
Foi tão bem construído que criou corpo e se tornou obra de outro autor. Traída pela minha própria invenção - ou não. Confesso que sempre quis que criasse vida e fosse livre, mas acho que, no final, esperava que escolhesse ficar - quem sabe apenas entre nós.
Não há dor. Nunca existimos. E posso criar de novo.
Nunca nos conhecemos #17
Histórias criadas para desconhecidos que fotografei aleatoriamente ou conscientemente nos últimos anos. Boas fotos, más fotos. Por que não?
Estes dois se conhecem há 40 anos. Vivian, que sempre foi cética, começou a acreditar em destino depois que conheceu Gustav. Isso porque a forma como suas histórias se cruzaram é, no mínimo, curiosa. Gustav sempre teve o hábito de escrever cartas para seus parentes e amigos independente da distância, e isso permanece até os dias de hoje. No dia 14 de fevereiro de 1957, Gustav escreveu para Charles, seu amigo de colégio, que mora em um bairro vizinho. Charles não chegou receber a carta porque o carteiro, Neville, responsável pela entrega no dia, com tanta entregas, e uma dor de barriga, acabou se confundindo e a deixou na casa de Vivian. Atarefada e distraída, Vivian abriu a correspondência e logo se deu conta de que se tratava de um engano. Quando viu que o endereço do destinatário ficava a duas quadras de seu endereço, resolveu andar até lá. Charles a recebeu e em retribuição a convidou para um chá com biscoitos amanteigados. Conversaram brevemente e Charles cismou que Vivian precisava conhecer Gustav, pois pareciam ter muitas coisas em comum. Não deu outra, marcaram outro chá, mas dessa vez, com a presença de Gustav. Charles estava certo, a conexão foi imediata. Os dois pareciam amigos de infância. Agora, já mais velhos, com diversas histórias para contar, algumas perdas e muitos chás com biscoitos, sabem que tiveram sorte. Suas vidas não passaram despercebidas - estavam lá, um para o outro. Graças ao Neville.